Vivian Pinto Portela da Silva.

Vivian Pinto Portela da Silva.
Vivian Silva, diploma e fotografias, uma proferindo palestra em Congresso Internacional (Xalapa, México, 2011); em 2007; com o neto John Portela Grooms (novembro, 2013). Abaixo: Jornal da Tarde, (dezembro, 1966). Fotos com a família Wallace, proferindo palestra em High-School e como Jovem Embaixadora na, Universidade de Stanford (California, 1967).

Saturday, October 25, 2014

Liberdade, democracia e voto.

Liberdade, democracia e voto. Quando entrei na Faculdade de Arquitetura, prestei concurso para a FAU e o Mackenzie. Não passei para a FAU, e fui excedente, isto é, aprovada no Mackenzie, mas sem direito à vaga. Liderei o movimento dos excedentes: entramos todos, em 1963. No mesmo ano entrei para a UNE e fui a única representante da Universidade Presbiteriana Mackenzie no Congresso Nacional de Arquitetura, em Salvador. Tornei-me Diretora Cultural do Grêmio DAFAM. No ano seguinte, começou a ditadura e a reunião de três estudantes conversando no pátio era considerada subversiva. A diretora da Universidade, que assinou o meu diploma, Esther de Figueiredo Ferraz, tornou-se simpatizante ou mais que isto, da ditadura. O Grêmio foi fechado. Todos os universitários foram perseguidos: isolei-me na biblioteca da FAU, que ficava em frente, e os livros tornaram-se meu oásis de deleite. Ainda meu grupo, o do final da chamada, foi manifestar-se na Praça da Sé: comparecemos eu, a Vera, a Viviane, o Roberto, o Waltinho Dantas e o outro Walter. Ficamos muito assustados com os tiros disparados pela polícia, armada e à cavalo. Foi nossa única e última tentativa de manifestação. A repressão matava, não era brincadeira. Fui sondada para aliar-me a um grupo político de esquerda: não quis. Naquele tempo, no segundo gráu, havia o dito, Clássico e o Científico. Para cursar Arquitetura deveria ter cursado o Cientifico, que enfatizava a Matemática e a Física. Cursei o Clássico, com ênfase no Latim, Francês, Português, Desenho e Música. Até hoje nem sei como sobreviví às equações matemáticas: tive que estudar muito para superar Cálculo, Concreto I e II, e levei bomba em Concreto Protendido. Foram férias lamentáveis, fiz outra prova e passei. Foram oferecidas bolsas de viagem aos Estados Unidos: na primeira que concorrí, eram 30 vagas, fiquei no 32o lugar. Foi bem frustante, pois meu namorado passou. Na próxima, bem mais difícil, pois eram mais de 500 candidados para duas vagas, passei. Fui Jovem Embaixadora do Brasil nos Estados Unidos. Todos os países do cone sul das Américas enviaram dois jovens: nos encontramos todos em Miami e viajamos juntos, encontrando líderes políticos, visitando organizações de combate à pobreza até as Nações Unidas e OEA, em Nova York. Depois cada Jovem Embaixador seguiu para um estado diferente: fui sorteada com o melhor de todos, ganhei a Califórnia. A organizadora chegou com um calhamaço de passagens e cruzei de onibus Greyhound 18 estados americanos. Foi uma viagem espetacular. Me lembro até hoje de ter acordado um dia em Laramie: a cidade era tema de um dos primeiros seriados de televisão, aquela branco e preta da tela pequena cheia de chuvisco. Bem, voltei, retomei os estudos formei-me, mas até hoje acho que deveria ter cursado jornalismo. Quando votei pela primeira vez fui eleitora do Jânio Quadros. Nem entendí quando ele renunciou. Depois foram décadas sem votar, sem escolher. Calaram o Brasil. Não calaram os inteletuais e artistas: mesmo com a censura, davam sempre um jeito de aparecer. De volta ao Rio de Janeiro, no grande sucesso do espetáculo Opinião, cantavam: podem me bater, podem até deixar-me sem comer, que eu não mudo de opinião… Pois o maior anseio do ser humano é a liberdade. Liberdade de opinião. Certamente a minha é diferente da sua, por sua vêz diferente da de muitos outros. Cada um tem a sua opinião. Vai para a rua manifestar-se. Hoje pode. A imprensa também é livre, diz o que quer, quando quer, como quer. Que maravilha essa liberdade de ser e de opinar. Celebro a democracia, a liberdade, as eleições livres, a minha e a sua opinião. Mesmo que sejam diferentes. No Rio de Janeiro de antigamente, recordei os votos de protesto, que elegeram dois animais do Zoológico: o macaco Tião e o rinoceronte Cacareco. Bem, prefiro o voto que escolhe candidatos humanos. Mesmo que não sejam inteiramente de seu agrado, pois afinal ninguém é perfeito, nem se encaixa totalmente na minha ou na sua opinião. Temos Democracia. Temos muito, muito o que celebrar. Celebre sua liberdade, celebre sua escolha, mostre sua opinião. Vote. Viva a liberdade de opinião!!! Vivian

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