Vivian Pinto Portela da Silva.

Vivian Pinto Portela da Silva.
Vivian Silva, diploma e fotografias, uma proferindo palestra em Congresso Internacional (Xalapa, México, 2011); em 2007; com o neto John Portela Grooms (novembro, 2013). Abaixo: Jornal da Tarde, (dezembro, 1966). Fotos com a família Wallace, proferindo palestra em High-School e como Jovem Embaixadora na, Universidade de Stanford (California, 1967).

Wednesday, February 29, 2012

ARTISTA DO MÊS DE MARÇO, 2012: NICOLA, Norberto (1931-2007).


Nicola nasceu em São Paulo no bairro dos Campos Elísios, em uma casa na qual ele viveu toda a vida e, como Claude Monet, nela plantou um jardim que, segundo o artista

[…] cuja coloração se modifica com o excesso, ou a falta de sol[…]

Neto de imigrantes italianos, Nicola estudou pintura com excelentes mestres: ele participou do começo do movimento da Arte Abstrata no Brasil, estudando no Ateliê Samson Flexor (São Paulo, década de 1950-1960). O artista recebeu prêmio no SPAM/ Salão Paulista de Arte Moderna: no final da década de 1950 Nicola iniciou suas obras na dita, Cultura da Fibra. Logo no início da década de 60 o artista passou a dedicar-se inteiramente a Arte Têxtil (1961): no mesmo ano Nicola realizou sua primeira mostra, ainda dita, de Tapeçaria.

A partir do início da década de 1960, a Arte da Tapeçaria começou a mudar completamente suas principais características até então seculares, para tornar-se arte autônoma, marcada pela expressão pessoal de cada artista. Nicola, conhecedor das técnicas básicas dos teares de Alto ou Baixo Liço, inovou, através da utilização criativa de novos materiais com o emprego de técnicas pessoais que tornaram cada obra peça única autoral.

Nicola expôs suas obras da nova Arte da Fibra na Galeria Sistina (São Paulo) e no MAM (Rio de Janeiro). O artista iniciou sua pesquisa pessoal voltada para a criação de obras tridimensionais e apresentou essas primeiras obras tecidas em três mostras, realizadas no mesmo ano: na Galeria Documenta (São Paulo), na Galeria Bonino (Rio de Janeiro) e no Museu de Belas Artes (Cidade do México, México, 1969).

Nicola estudou tapeçaria nos centros europeus, quando estagiou no conhecido ateliê francês de Aubusson, e visitou outras renomadas e antigas manufaturas européias. Nicola estabeleceu, em conjunto com Jacques Douchez, o ateliê para produção das novas Formas Tecidas tridimensionais da Arte da Fibra (São Paulo, 1957-1980). Apesar de trabalharem juntos no mesmo espaço de criação, os artistas trilharam caminhos diferentes e mantiveram pesquisas pessoais diferenciadas, cada um estabelecendo e desenvolvendo seu marcante estilo pessoal, facilmente reconhecível. Nicola criou Arte Têxtil monumental, sempre mantendo grande senso de volume com a transição das cores dentro dos mais sofisticados efeitos que a técnica permitia, apresentando volumetria marcante, quase sempre oposta à parte tecida completamente lisa e plana, que quase sempre apresentava efeitos luz e sombra onde se mostravam as mais suaves transições de cores, do escuro ao claro e vice-versa.

As obras de Nicola participaram de importantes mostras, no Brasil e exterior: ele expôs no MAM (Cidade do México, 1970); na Galeria da Organização dos Estados Americanos [OEA] (Washinghton DC, 1971); no MASP e na Fundação Cultural (Brasília, 1973); na Fundação Gulbekian (Lisboa, 1975); no Museu Nacional de Belas Artes (Santiago do Chile, 1980); no MAM (Buenos Aires) e na Galeria de Arte São Paulo (1984); no Museu Nacional de Bogotá (Colômbia, 1985); no Museu de Arte (Copenhagen, Dinamarca, 1986); na Art Expo (Nova York, 1987). O artista participou da Bienal Internacional (São Paulo), sendo que ele foi homenageado na Sala Especial Novas Tendências. na Fundação Bienal de São Paulo (São Paulo, 1971).

Logo no começo da década de 1980 a mostra das Formas Tecidas de Nicola, patrocinada pela Bayer, itinerou através da Alemanha e, no mesmo ano, suas obras participaram da primeira Mostra de Arte Têxtil da FENIT (1980). As obras de Nicola foram apresentadas na mostra Arte Latino-Americana e Japão, realizada no Museu Nacional (Osaka, Japão, 1981); no Salão Internacional do Têxtil (Michoacán, México); e na exposição Sete Décadas da Presença Italiana na Arte Brasileira, realizada no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 1980). Nicola realizou mostra com suas Formas Tecidas e vestimentas idealizadas por Ugo Castellana, produzidas pelo Ateliê Nicola. O estilista Castellana se destacou como figura de grande expressão na Alta Costura brasileira. A apresentação da originalíssima coleção, realizada com fios Pingouin da empresa que patrocinou a mostra, foi inaugurada no MASP (mar., 1987).

Nicola recebeu inúmeros prêmios no Brasil e exterior, sendo que ele considerou como o mais destacado o de Melhor Exposição do Ano, que lhe foi outorgado pela APCA/ Associação Paulista de Críticos de Arte (São Paulo, 1980). Inserido nas novas tecnologias eletrônicas Nicola passou a criar gravuras através do computador que ele expôs em várias mostras recentes, destacando-se a realizada nas dependências do tradicional Clube Athlético Paulistano (2000).
Nicola presidiu a Comissão de Artes Plásticas do Estado de São Paulo: ele participou do Conselho de Arte da Bienal Internacional e do MAM (São Paulo). Entre as mostras nacionais mais importantes o artista participou do júri que selecionou a I Mostra Brasileira de Tapeçaria (FAAP, 1974); do júri da I, II e III Trienal de Tapeçaria, organizadas pelo MAM (São Paulo: 1976, 1979, 1982); do Encontro de Tapeçaria Brasil-Uruguai (Montevidéu, 1975); do Encontro Argentino, Brasileiro e Uruguaio de Tapeçaria realizado no MAM (Buenos Aires, 1977).

Nicola revelou a Arte Têxtil Pré-Incaica através da apresentação de obras com tecidos datados de 8600-8000 AC, da coleção particular de Oscar Landman, mostrados na Sala Especial na III Trienal de Tapeçaria (MAM, 24 ago., 1982), quando o júri constituído por Alberto Beutenmüller, Eva Soban, Juan Ojea, Nicolas Vlavianos, Norberto Nicola e Odetto Guersoni premiou com Menção Especial do Júri a tapeçaria Fibras Brasileiras, de Vivian Silva, além de premiar obra da tapeceira gaúcha Érica Turk e outra do mineiro Fernando Manuel.

Nicola revelou a beleza da arte dos indios brasileiros através na mostra da qual ele foi curador: Arte Plumária do Brasil, inaugurada no MAM (São Paulo, 1980), itinerante ao Museu Oswaldo Goeldi (Belém do Pará), ao Palácio Itamaraty (Brasília, D.F.), ao Museu do Instituto Smithsonian (Washinghton DC), ao Museo Nacional de Antropologia (Cidade do México), ao Museu Nacional (Bogotá, Colômbia) e a Sala Histórica da Bienal Internacional (FBSP, 1983).

Nicola conviveu com grandes personalidades, artistas que foram fundamentais para o desenvolvimento das artes brasileiras, como Sansom Flexor, Aldo Bonadei e Emiliano Di Cavalvcanti, entre tantos outros, incontáveis pessoas interessantes. O artista declarou:

[…] Curriculum Vitae é ter produzido minhas obras e ter gostado de viver, estando ainda a produzir e a gostar. O mais, na verdade, seria uma imitação da vida e que se transformará, um dia, num Curriculum post-vitae […] (2002).


Biografia baseada no Curriculum Vitae fornecido pelo artista.


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